Idec realiza evento de divulgação da nona edição do GBR na Universidade de Direito de São Paulo

16 novembro 2022

Idec realiza evento de divulgação da nona edição do GBR na Universidade de Direito de São Paulo

 

 

No dia 10 de novembro de 2022, em evento que reuniu representantes do Idec (Instituto Brasileiros de Defesa do Consumidor), da Conectas Direitos Humanos, do Instituto Sou da Paz e da Proteção Animal Mundial na Sala dos Estudantes, na Faculdade de Direitos do Universidade de São Paulo, foi lançada a 9° edição do Guia dos Bancos Responsáveis. Durante a apresentação de resultados, que foi seguida de debates, as entidades levantaram os principais problemas e apontaram soluções para a evolução da responsabilidade socioambiental das instituições financeiras brasileiras.

O objetivo do evento foi fortalecer as discussões em finanças sustentáveis a partir da perspectiva da sociedade civil, e constatar que apesar da pequena melhora nas políticas socioambientais, os bancos continuam com a sua nota baixa em importantes temas. Carlota Aquino, coordenadora executiva do Idec e Ione Amorim, economista e coordenadora do programa de serviços financeiros do Idec, destacaram a consistência do estudo na abertura do evento. “São 10 anos de GBR, que é uma iniciativa pioneira da sociedade civil, e que cresceu e hoje está em outros 14 países. No Brasil também foi pioneira na exigência de regulamentação sobre mais transparência a respeito das Políticas de Responsabilidade Socioambiental, exigindo isso antes da Resolução de 2014 do Banco Central, que trata do tema”, disse Amorim.

Após a abertura do evento, foram apresentados os resultados do estudo em primeira mão pelos pesquisadores do programa de serviços financeiros do Idec, Julia Catão e Fábio Pasin. (Veja os principais achados do estudo mais abaixo)

Ainda na primeira mesa o evento contou com contribuições de João Gonçalves, diretor executivo da Proteção Animal Mundial, de Natalia Pollachi, do Instituto Sou Da Paz, e de Camila Mikie da Conectas Direitos Humanos.

Natalia Pollachi, do Instituto Sou Da Paz, destacou a importância do GBR para a instituição quando se trata do tema setorial de armas. Apesar das baixas médias de notas no tema entre os bancos, foi em armas que foi registrado um dos destaques desta edição. “A inclusão de novos compromissos do  Banco Safra no tema representa um exemplo positivo para todos os bancos e demais setores. Uma prova que é sim possível ter políticas mais responsáveis para lidar com o setor de armas". 

A apresentação dos resultados foi seguida pela primeira sessão de debates, que contou com falas de João Peres, fundador e editor-chefe do Joio e o Trigo, Karina Ishida, Coordenadora de Campanhas de Food System da Proteção Animal Mundial, Naira Hofmeister, Jornalista investigativa da Repórter Brasil e Jeane Bellini, integrante da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT). 

Os convidados abordaram a relação entre financiamento bancário, agronegócio, bem-estar de animais de criação e sistemas alimentares, apresentando as implicações socioambientais do apoio das instituições financeiras sem a adoção de critérios responsabilidade para o fomento do modelo agroexportador brasileiro. Dessa forma, diante da nota zero no tema de Bem-estar animal, foi apresentada a importância da adoção dos requisitos avaliados pelo GBR, essenciais para a preservação  do meio ambiente, para a saúde humana a partir do controle de doenças epidêmicas e para a própria sustentabilidade do modelo de negócio.

A última mesa do evento abordou as implicações de financiamentos e investimentos em setores poluentes nas mudanças climáticas e nos direitos humanos e contou com a participação de Anton Schwyter, coordenador do programa de energia do Idec, Gabriel Sampaio, coordenador de Litígio Estratégico da Conectas e Tchenna Maso, doutoranda em Direitos Humanos e Democracia na UFPR.

Schwyter  apontou como o retorno das termelétricas a carvão vai na contramão dos compromissos climáticos assumidos pelo país, implicando em diversas violações de direitos humanos.  “Em todas as cadeias produtivas e atividades econômicas entram eficiência energética. O ideal seria que tivéssemos uma política mútua sobre essas questões que são tão importantes. É importante haver um incentivo dos bancos em eficiência energética em financiamentos que não sejam só em usina hidrelétrica de carvão e gás"  avalia Schwyter. 

Já Gabriel Sampaio falou sobre a Ação Civil Pública climática que a Conectas Direitos Humanos moveu em face do BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, sobre as violações de direitos humanos e a perspectiva dos bancos no tema. "Além do Déficit de Transparência de algumas instituições, há participações acionárias sendo direcionadas a setores poluentes. É urgente que a sociedade civil, o poder público e o setor privado se mobilizem para enfrentar a emergência climática que vivemos”. Constata Gabriel Sampaio, advogado e coordenador da área de Litígio Estratégico da Conectas.

No estudo de 2020 a nota média dos bancos era de 3,2.  Em 2022 o desempenho médio passou, em uma escala de 0 a 10, para 3,8. Isso significa que, na média, essas instituições cumprem 38% das políticas avaliadas, um aumento de 6 pontos percentuais em relação à última avaliação, considerado ainda insuficiente.  A nota mais alta foi de 5,2, do BNDES, e, a mais baixa, de 3,1 do banco BTG Pactual.  “Considerando nossa escala de notas, os bancos ainda estão muito longe de serem responsáveis. Para serem classificados como tal, eles deveriam ter, no mínimo, média 8”, afirma o advogado Fábio Machado Pasin, pesquisador do programa de Serviços Financeiros do Idec. 

Veja abaixo a tabela de notas dos bancos em todos os temas

A novidade desta edição do GBR foi a inclusão da análise de “Bem-estar Animal”, na qual todos os bancos zeraram no tema por não o considerarem em suas políticas socioambientais. Nele, avalia-se se as instituições financeiras possuem diretrizes que levam em conta o tratamento adequado dos animais de produção, de acordo com as diretrizes internacionais da Farms Initiative, e que asseguram proteção aos animais silvestres, considerando que investem e financiam empresas nos setores da pecuária, pesca, peles e couro, produtos farmacêuticos, cosméticos, criação de animais de estimação, entre outras. 

Os seguidos estudos do GBR dão um panorama completo de como as instituições financeiras se relacionam e se preocupam com a sustentabilidade socioambiental no país. É um processo que foi se fortalecendo ao longo do tempo e conta com avanços como a unificação da metodologia global, instaurando um novo patamar de boas práticas para que as instituições financeiras aprimorem suas políticas de sustentabilidade amparadas em princípios alinhados internacionalmente", ressalta a diretora executiva do Idec, Carlota Aquino.

 

 

O evento foi realizado em são Paulo, em parceria com Universidade de Direito de São Paulo 

Colaboradores: Proteção Animal Mundial