Mineradoras e investidores internacionais ameaçam o futuro da Floresta Amazônica e de povos indígenas
Estudo revela como instituições financeiras vem contribuindo com o avanço da mineração sobre direitos dos povos indígenas, o que ameaça a degradação ambiental na região amazônica
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A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Amazon Watch lançaram a quarta edição do relatório "Cumplicidade na Destruição", estudo que mostra a tentativa de avanço da mineração sobre direitos dos povos indígenas e ameaça a degradação ambiental de seus territórios.
Dentre os principais achados, o relatório evidencia como instituições financeiras vem contribuindo para este retrocesso e divulga recomendações necessárias e urgentes para empresas, bancos e gestores de investimento, governo brasileiro e comunidade internacional reverterem este quadro.
"Cumplicidade na Destruição IV" mostra que em 5 de novembro de 2021 eram quase 2500 pedidos minerários ativos de 570 empresas, associações e cooperativas, sobrepostos a 261 Terras Indígenas no sistema da Agência Nacional de Mineração, cobrindo uma área próxima a extensão do território da Inglaterra (10,1 milhões de hectares).
O estudo também identifica os principais financiadores por trás das empresas envolvidas na destruição. No período entre 2016 e 2021, as principais empresas mencionadas no relatório foram apoiadas com USD 54,1 bilhões em financiamento do Brasil e do exterior.
Dentre as instituições financeiras avaliadas pelo Guia dos Bancos Responsáveis (GBR) e mencionadas no estudo como apoiadoras das empresas de mineração destacam-se o Bradesco (4°); Caixa Econômica Federal (6°); Itaú Unibanco (8°), Banco do Brasil (12°) e Santander (20°).
Infelizmente, este caso prático pode ser entendido como um reflexo da falta de compromissos dos bancos brasileiros com políticas socioambientalmente responsáveis no que tange ao setor de mineração. Conforme a avaliação de políticas do GBR de 2020, os 9 maiores bancos brasileiros obtiveram média de 29% no cumprimento dos parâmetros mínimos avaliados para o setor de Mineração.
Considerando os bancos mencionados no relatório, o Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, Banco do Brasil e Santander cumpriram, respectivamente, apenas 26%; 23%; 26%; 28% e 34% dos compromissos mínimos avaliados pelo GBR.
As evidências de financiamento apontados no estudo contrariam o compromisso público assumido em 2020 por três dos bancos citados (Bradesco, Itaú e Santander), que anunciaram um plano de ações contra o desmatamento na Amazônia propondo três frentes de atuação: conservação ambiental, investimento em infraestrutura sustentável e garantia dos direitos básicos da população da região amazônica.
Veja o resumo do relatório Cumplicidade na Destruição IV, com link para acessar o texto completo da publicação aqui.
Para acessar a última avaliação de políticas do GBR, clique aqui.