Bem-estar animal é tema que deve pertencer à agenda ética dos bancos
Idec participou de webinar promovido pela Proteção Animal Mundial nesta quarta-feira (7) e chamou atenção para responsabilidades das instituições financeiras sobre o tema.
A promoção do bem-estar animal existe a partir da conexão entre ciência, boa gestão, financiamentos e investimentos responsáveis; sobretudo, da incorporação de práticas éticas para acelerar ações a longo prazo. Estas conexões foram discutidas no webinar “Bem-estar animal na estratégia de empresas e investidores”, realizado pela Proteção Animal Mundial (PAM) - integrante da coalizão do Guia dos Bancos Responsáveis (GBR), projeto liderado pelo Idec.
Organizações como a Business Benchmark on Farm Animal Welfare (BBFAW) e Compassion in World Farming (CIWF), também apoiaram a organização do evento desta quarta-feira (7), que discutiu com especialistas os critérios para maior responsabilidade do setor financeiro na recepção de investimentos e promoção de segurança com o bem-estar animal.
“O consumidor hoje não está só se posicionando sobre 'onde eu ponho o meu dinheiro'. Hoje eles querem saber o que o banco faz com seu dinheiro e como isso pode afetar a cadeia de consumo", disse Ione Amorim, economista e coordenadora do programa financeiro do Idec, ao destacar resultados da mais recente edição do do GBR.
O GBR é parte do Fair Finance International (FFI), uma rede internacional de organizações da sociedade civil que trabalham em prol de um sistema financeiro mais justo e sustentável. A iniciativa está presente em 13 países e, no Brasil, quatro organizações: Idec, Conectas Direitos Humanos, Instituto Sou da Paz e Proteção Animal Mundial, integram a coalizão.
“É crescente na sociedade o debate sobre a importância da sustentabilidade e do bem estar animal e de que estas não são pautas antagônicas e, sim, complementares”, apontou José Ciocca, da Proteção Animal Mundial Brasil, ao destacar a relevância do tema debatido no evento.
Segundo a mais recente edição da avaliação do GBR, que analisa políticas dos nove maiores bancos do Brasil (Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, BV, Caixa, Itaú, Safra, Santander e BNDES), apenas dois deles: o Banco do Brasil e a Caixa se preocupam em abordar a pauta de bem-estar animal: o primeiro a partir de análises ao setor de carnes (aves, bovinos e suínos); já o segundo, com o Guia de Boas Práticas Socioambientais para a pecuária.
No estudo, o quesito que avalia como os animais são tratados ao longo da cadeia produtiva é um dos elementos do tema Alimentos. Porém, com a chegada da ONG Proteção Animal Mundial à coalizão, o bem-estar animal passará a ser um tema independente no próximo estudo de 2022, permitindo um diagnóstico mais preciso das políticas dessa área.
Em sua fala final, Amorim destacou a importância de discutir políticas para equalizar responsabilidades das instituições. "É preciso transparência e diálogo, além de olhar para o posicionamento do consumidor: como ele vai agir se não tem conhecimento sobre os investimentos realizados pelos bancos, por exemplo? Temos muitas variáveis nessa cadeia de produção. É preciso uma discussão contínua para que seja possível avançar."
Além de Ione Amorim e José Ciocca, outros especialistas participaram do debate. Entre eles, Celso Funcia Lemme, especialista em finanças e sustentabilidade e docente da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Elisa Tjärnström, assessora do BBFAW e pesquisadora de Engajamento Corporativo na Chronos Sustainability e Annelise Vendramini, coordenadora de Pesquisas em Finanças Sustentáveis do FGV.