Idec envia contribuições ao BNDES sobre desfinanciamento de térmicas a carvão

21 setembro 2021

Junto com WWF Brasil e 350.org, o Instituto enviou documento enfatizando a importância desta medida e cobrando ações formais e práticas do banco.

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), em parceria com organizações como WWF Brasil e 350.org, enviou contribuições para o BNDES, relativas à estruturação de suas normas sobre o financiamento de combustíveis fósseis. As sugestões foram formalizadas após diálogo com o banco sobre os avanços que estão ocorrendo em ações relativas à agenda ASG (Ambiental, Social e Governamental).

Entre as propostas apresentadas ao BNDES, estão a previsão de uma formalização do fim de financiamento de térmicas a carvão por parte do banco, assim como maior transparência e clareza na divulgação de informações em páginas do sítio eletrônico da instituição financeira e em Relatórios Anuais e de Sustentabilidade. 

O BNDES integra a avaliação do Guia dos Bancos Sustentáveis (GBR) sobre  políticas de responsabilidade socioambiental e climática desde 2018. O Guia, coordenado pelo Idec, vem construindo um diálogo propositivo e aberto com o banco. Dessa forma, o Instituto, junto com organizações parceiras, tem aproveitado a disposição da instituição financeira para avançar em questões caras à sociedade, recentemente com destaque àquelas relativas à transição energética. 

Em entrevista recente à Capital Reset, Bruno Aranha, que acaba de assumir a nova diretoria de crédito produtivo e socioambiental do banco, afirmou que o BNDES está se estruturando para ter "meta de descarbonização das carteiras" e que pode ampliar sua lista de exclusão daqui para frente. É sabido que desde 2016, o banco também se compromete em zerar o financiamento às térmicas à carvão, compromisso reforçado novamente, agora, em 2021.

Buscando formalizar estes compromissos anunciados pelo banco e pressionar para que mudanças efetivas sejam realizadas com transparência, enviamos contribuições ao BNDES elaboradas por pesquisadores dos programas de Energia e de Serviços Financeiros, com participação do WWF e 350.org. 

O enfoque da comunicação contemplou as questões abaixo:

  • Necessidade de formalização em documentos oficiais as iniciativas de não investimento em térmicas à carvão, considerando a importância que a publicação de dados de investimento e desinvestimento conste não apenas em páginas de sítios eletrônicos;

 

  • Divulgação de dados sobre o Fundo Amazônia, Fundo Clima e Fundo Social, com maior transparência, constando informações relativas a repasses ocorridos e detalhamento de projetos contemplados; 

 

  • Tendo em vista a existência de meta mensurável sobre o aumento de financiamento de energia limpa e renovável, sugerimos meta mensurável de desfinanciamento a combustíveis de origem fóssil e de descarbonização da carteira de ações (BNDESPar); 

 

  • Manutenção do proveitoso diálogo para a construção de iniciativas com a participação da sociedade civil, desde ONGs representativas até representantes da academia;

Os resultados mais recentes do GBR

O Idec, por meio do Guia dos Bancos Responsáveis (GBR), vem atuando fortemente no ecossistema de autoridade dos bancos em diversas áreas, entre elas, a socioambiental e a climática. O objetivo é sensibilizar para as políticas de financiamento e ASG (Ambiental, Social e Governança Corporativa).

A mais recente avaliação de políticas de responsabilidade socioambiental realizada pelo GBR, em 2020, consolidou resultados preocupantes no que diz respeito à responsabilidade ambiental dos nove maiores bancos brasileiros (Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, BV, Caixa, Itaú, Safra, Santander e BNDES). 

O estudo é realizado a cada dois anos. De modo geral, nesta nova versão, instituições financeiras continuam financiando combustíveis fósseis, apesar da propaganda de aumento do financiamento em fontes de energia limpa e renovável. Os bancos analisados pontuaram com uma média de apenas 14% no tema.


Você pode acessar o estudo completo clicando aqui.